Jugoslávia, II
Será normal, depois de todo este tempo, depois de viver e morrer, será normal ainda não ter a certeza?
As suas palavras ainda estão aqui tão presentes...Aquela pergunta demoníaca quem me dera que ele nunca a tivesse feito, quem me dera nunca sequer o ter visto, quem me dera ter tido a oportunidade de fugir a tudo isto, quem me dera...
-Estás feliz?
Sinto tanta falta daquele lugar seguro, daquela grande janela...
Acho que posso admitir que foram os melhores momentos da minha vida. E ao mesmo tempo, sempre assombrados pela sua própria efemeridade, os piores.
Criança ingénua, convencida que tinha o mundo...
Acabo sempre por querer procurar os seus olhos mortos...como é que tamanha falta de vida, deu pela primeira e única vez sentido à minha?
Talvez um dia possa dizer se aquilo era felicidade ou outra coisa...mas ainda não...
Não me parece justo que a felicidade seja algo tão preso a questões teóricas. Não devíamos ter que nos esforçado tanto. Não devíamos ter fingido tanto.
Mas
Mas
Mas
Mas
As minhas teorias sempre foram deitadas por terra pelos meus sentimentos. Principalmente por aquele tão familiar tão meu conhecido dos seus braços a apertar me até eu perder a noção de todas as teorias...
Gostava mesmo que isso não fosse felicidade. Não é justo ter tido a felicidade nas mãos e ela ter fugido. Não é justo.
Por isso quero muito dizer que não, que não era felicidade.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
domingo, 15 de abril de 2012
Nesse caso
Então diz me que não eras tu..
Por favor diz me que me enganei, se for esse o caso então por favor perdoa-me!
Prova que errei e vem ter comigo (depressa se não for pedir muito)...
Posso já não estar completa, posso não ter tudo o que devia para te dar, mas ainda estou a tua espera, como sempre estive e vou estar.
Não podias mesmo ser tu, desculpa a confusão.
O que ainda tenho será tudo teu. Promete-me a eternidade e irei ter contigo.
O melhor ainda está para vir, sei isso agora. E será ao teu lado. (Onde quer que isso seja, mas eu vou lá chegar e vais estar à minha procura).
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Memorias
Não passam disso. Memorias.
Criaturas perigosas. São todas as nossas lágrimas, as de alegria e as de tristeza.
Benditas Malvadas que nos fazem ou arruínam uma hora, um dia, um ano.
Não seria nada sem elas, porém, quem me dera poder não as ter. Nunca as querendo eliminar.
Tenho medo de acabar por me agarrar demasiado a elas. Ficaram retratadas de uma forma demasiado perfeita dentro de mim. São tão perfeitas que começo a achar que me mentem em relação à sua realidade.
Porquê que não consigo esquecer as duas figuras debaixo da chuva? Porquê que não consigo deixar de sentir aqueles braços que me apertavam na cintura? Porquê que me faz tanta falta aquela sensação de nunca mais cair?
Memorias malvadas...Porquê que se escondem aquelas em que ouvi dizer tanto mal da chuva amada? Porquê que se esquecem tanto de me lembrar que cai...
Memorias, Memorias...
Ao menos sejam justas para com vocês próprias.
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Memorias
quinta-feira, 22 de março de 2012
Vou escrever
-Será que posso ser cliché só mais desta vez e escrever-te sobre o mar?
-Que podes tu ter mais para dizer sobre o mar - respondeu ela com um sorriso torto e sempre tão cúmplice.
-Tens razão...mas não sei mesmo sobre o que escrever mais...
-Sobre ti? sobre o teu passado? o teu futuro? A serio, por melhores que sejam as tuas muitas historias sobre pessoas apaixonadas e grupos de amigos em casinhas à beira mar...não têm muito fundamento.
-mas na verdade...
-sim, eu sei que são todo um espelho sobre a tua vida...sei que usas as casinhas brancas ao por do sol e o frio das ondas pela manhã para descrever como te sentes mas isso é para alem de uma fachada, um cliche e vai muito rapidamente perder e a piada. mais do que isso eu sinto que este pano já não chega para te esconderes e que foi por isso que deixaste de escrever.
-deixei de escrever quando percebi que a vida não era o que eu pensei...
-era um bocado dificil que fosse como imaginaste nessa tua pequena bolha cor de rosa.
-ainda me às de explicar qual é o problema da minha bolha cor de rosa... - assim que acabou esta frase a rapariga gelou-a com o olhar e continuou - sim está bem...
-escreve sobre isso...
-vou escrever.
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terça-feira, 17 de maio de 2011
C
só queria poder voltar aquele dia.
tinha tudo pela frente. nem os sonhos tinham sido sonhados.
um mundo de possibilidade e um coração intacto.
quando através dos caracóis, sem saber, sem sonhar, sem calcular,
fizeste de mim a rapariga mais feliz do mundo.
fizeste-o ao inadvertidamente quando julgaste que fazia parte do teu mundo.
foi o dia mais feliz da minha vida.
conheço a luz e as cores como se as tivesse neste momento a minha frente.
tentei seguir esse dia durante todos estes anos. criei todos os sonhos que alguma vez tive a partir dai. tudo o que sempre quis foi voltar ai. mas agora estou perdida e duvido que alguma vez voltem os caracois, as luzes e as cores. mas obrigada. deste-me 4 anos. agora vou procurar outro sonho...com mais juizo
sábado, 9 de abril de 2011
Faz de Conta
Todos o fazemos. Fechamos os olhos e por momentos, por mais pequenos que sejam, fazemos de conta. Fazemos de conta que moramos longe daqui, que temos dinheiro, que podemos agir sem pensar nas consequências. Nunca ninguém deixa de fazer de conta. mesmo que seja só para consigo mesmo durante uns escassos minutos no meio de um dia de trabalho. E é tão bom...Esquecer a parte má e viver apenas a parte boa da vida, mesmo sabendo que quando abrirmos os olhos está tudo na mesma. Por vezes é a própria vida que nos faz fazer de conta, levando-nos por um caminho, mesmo sabendo que é frágil, que a qualquer momento podemos cair e nunca mais levantar. Mas continuamos a fazer de conta. Porque no momento em que temos os olhos fechados e nos convencemos que é possível, que podemos viver os nossos sonhos, mistura-los com a nossa realidade, somos felizes. E a base de tudo isto, de todas estas voltas e vidas é tentar atingir um pouco de felicidade e por isso gosto de continuar a fazer de conta.
segunda-feira, 7 de março de 2011
A fotografia
Todos os dias aquela hora, ia sentar-se na mesa da cozinha e via através da janela, o sol a pôr-se.
Não era uma boa altura do dia, pelo contrario, acabava sempre por pensar naquilo que tinha perdido, na vida que tinha deixado fugir.
Não era infeliz, pelo contrário...Mas sentia um grande vazio, como se estivesse em divida para si própria por não ter conseguido realizar os seus sonhos.
Estes momentos nunca duravam muito tempo. O sol era rapidamente tapado pelas árvores e pelos carros estacionados ao longo da rua. Estava na hora de continuar com a vida e com as suas tarefas.
Fechava todas as janelas e ligava as luzes. Fazia o jantar e chamava os filhos.
Já depois de os deitar, ia para o seu quarto. Apagava todas as luzes, sentava-se aos pés da cama e deixava as lágrimas correrem pela cara abaixo. Sentia a agua salgada a bater no peito e nos joelhos. Nunca gritou, nunca soluçou e as lágrimas continuavam a cair.
Houve um dia, em que o luar forçou de alguma forma as cortinas e iluminou a cómoda que ela mantinha perto da cama. No topo da mesma, estavam fotografias, fotografias dos seus antepassados misturadas com inúmeras fotografias dos seus filhos e no meio de todas elas, estava uma moldura para a qual ela raramente olhava. na verdade, já nem se lembrava dela. Mas foi para lá que o seu olhar foi levado naquele momento em que a luz da noite entrou no quarto escuro.
Era uma fotografia de um grupo de amigos, do seu grupo de amigos. Quanto tempo teria aquela fotografia? 10? 15 anos? Agarrou nela e voltou para a cama. Deitou-se de costas e levantou a fotografia.
Começou a percorrer os 10 rostos com os olhos e os dedos.
Lembrava-se tão bem da noite em que aquela fotografia fora tirada...Foi numa festa em sua casa. Na sua primeira casa, naquele apartamento velho e sujo onde fora tão feliz. A casa estava cheia, todos bebiam e comiam alegremente, a música estava alta e o fumo enchia o ar. Devido a uma dor de cabeça ela tinha saido para a varanda e subido a escada que dava acesso ao telhado. Lembrava-se como se fosse hoje, do ar frio que inspirou bem fundo, naquela noite de Dezembro. Rapidamente o seu amor, com quem dividia as velhas paredes daquela casa, veio ter com ela, e com ele vieram os outros oito. conheciam-se à anos. Eram como uma família. Juntos acabaram por passar ali a noite, beberam, riram imenso e deitados nas telhas velhas e rachadas falaram pela milésima vez dos seus sonhos. Quantos filmes iriam realizar, quantos prémios iriam ganhar, quantos livros iriam escrever, quantas vidas iriam mudar. Aquela noite não foi especial, não foi diferente. Nada de novo foi dito nem sentido. Foi apenas recordada através da tal fotografia. Foi uma das raparigas que disse que não se queria esquecer daquele momento. Estava a estudar jornalismo e andava sempre com a câmara. Ainda caiu umas quantas vezes devido ao álcool que lhe corria nas veias, mas por fim conseguiu montar a câmara e correr para junto dou outros antes do flash disparar.
Há quanto tempo não falava com os rostos daquela fotografia? Lembrava-se que a ultima vez que olhara para o objecto tinha sido na manhã do funeral de um deles, da fotografa.
Ainda estava casada nessa altura...Mas agora, já tudo tinha acabado...O casamento, a vida, os sonhos...Tantos sonhos...Perderam-nos no meio da sua própria procura.
Não, ela não era infeliz, o sol é que se estava a pôr.
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